Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou, na última quarta-feira, uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova medida, que entra em vigor a partir de 1º de agosto, pode gerar instabilidade comercial e política, queda na competitividade dos produtos brasileiros e até impactos econômicos no setor. Com isso, cresce a procura por instrumentos de proteção, como o seguro de crédito à exportação.
Felippe Astrachan, CEO da Avla Brasil, explica que as empresas que antes concentravam exportações para os Estados Unidos buscarão diversificar os mercados de atuação para realocar a produção e, no processo, lidarão com novos clientes em países onde atuavam ou não. “As empresas exportadoras neste processo de abertura de novos mercados podem ter mais dificuldades de obtenção de crédito pela maior volatilidade dos mercados e pelo aumento no rigor das avaliações de crédito”, observa Astrachan.
Neste cenário, o executivo afirma que torna-se imprescindível a busca por medidas de mitigação do risco como as apólices de crédito. “O seguro de crédito não evita impactos macroeconômicos, mas pode mitigar efeitos financeiros diretos causados por inadimplência após o embarque da mercadoria”, pontua ele. “O cenário de incertezas gerado pelos anúncios recentes também influencia na vigilância das cadeias de fornecedores para entender onde existem oportunidades”, completa.
Apesar de proteger contra perdas causadas por mudanças inesperadas na política comercial de um país, Astrachan alerta que é preciso diferenciar os tipos de riscos cobertos. Riscos comerciais, como a inadimplência do comprador por insolvência ou mora prolongada, são amplamente cobertos. Já riscos políticos e extraordinários — como moratória, restrições cambiais, expropriação ou guerra — geralmente ficam fora da apólice.
No caso de uma tarifa comercial unilateral, como a imposição dos Estados Unidos a uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o seguro de crédito não cobre a perda da competitividade ou eventual redução de demanda causada pela sobretaxa, pois trata-se de um risco de mercado. “Se o comprador deixar de honrar o pagamento da fatura em função direta da medida e houver inadimplência comprovada, a seguradora pode indenizar a exportadora, desde que o risco comercial esteja coberto na apólice”, ressalta Astrachan.
Oportunidade para corretores
A medida imposta por Donald Trump ao Brasil certamente aumentará a procura por seguro de crédito à exportação, dando espaço para que os corretores trabalhem mais ativamente, especialmente a conscientização, o produto aos clientes exportadores. “É importante levar informação de qualidade e conscientização de que existem ferramentas que ajudam a mitigar estes riscos no momento de explorar novos mercados”, conta o CEO da Avla Brasil.
Astrachan ressalta que, em um cenário volátil e composto por outros agravantes de risco global, a procura pelo seguro de crédito só tende a aumentar e, por isso, é importante que as empresas conheçam melhor as soluções para ajudar a mitigar os riscos envolvidos e proteger o fluxo de caixa das empresas. “Corretores podem com certeza se preparar para dar mais esta solução a seus clientes”, finalizou o executivo.
Fonte: CQCS